Seis mulheres participaram da construção do primeiro computador digital eletrônico de grande escala, o ENIAC, nos Estados Unidos: Kathleen McNulty, Frances Bilas, Betty Jean Jennings, Elizabeth Snyder, Ruth Lictermann e Marlyn Wescoff. Durante a Segunda Guerra Mundial, elas, como muitas mulheres, faziam cálculos balísticos, e, como eram muito boas em matemática, foram chamadas para participar daquele projeto, em 1945.
“Historicamente, deixou-se de lado a participação da mulher na ciência e na tecnologia”, diz a feminista Anna Frank, que, entre flores e objetos em roxo, montou um mural que homenageia essas e outras mulheres na Campus Party Brasil 2009. Na segunda versão brasileira do maior encontro de Internet e cultura digital do planeta, porém, as campuseiras estão dando a volta por cima: a presença feminina no evento cresceu de 25%, em 2008, para 32%, na atual edição.
É por meio de seu blog que Anna leva adiante sua causa de defesa dos Direitos Humanos da Mulher. “Me perguntaram porque eu estou na Campus Party falando de feminismo e o que isso tem a ver com o evento. Disse que o evento não é só para fazer robô, essas coisas. Não! Eu posso usar essa tecnologia, como a dos blogs, para me comunicar com as mulheres do todo o mundo”, explica a autora de uma enquete que mostrou que as áreas de maior interesse das mulheres na Campus Party 2009 são, empatadas, software e games, seguidas de fotografia e blogs. “Vi até uma garota consertando um computador, com solda e tudo”.
Mulheres temáticas
A gaúcha Alissa Gottfried, que dará pelo menos quatro oficinas sobre arte gráfica e comunicação com software livre, segundo o modelo Barcamp – no qual as discussões acontecem sem uma programação formal e com participação ativa do público – acredita que a atuação feminina nas diversas áreas da Campus Party tem sido bem efetiva. A participação da Linux Chix, grupo de mulheres que usam Linux, é um exemplo disso. “É legal convidar para o evento um grupo que junta o movimento feminista com o movimento do software livre”.
Apesar de ampla, a presença das garotas não é homogênea em todas as áreas da Campus Party. Anna Silva, 25 anos, estudante de Designs Interiores, Michelle Rodrigues, 23, técnica de informática e Vanessa Dias, 19, estudante de Ciências da Computação, têm em comum o fato de serem parte do grupo de Jogos da Campus Party. Segundo elas, das cerca de 50 pessoas que compõe o clã de Games da NV (famoso fórum de tecnologia), somente cinco são mulheres.
“Existe um preconceito por parte das mulheres, que acham que não jogam tão bem quanto os homens. Mas a gente está aqui justamente pra quebrar isso”, diz ela, que faz questão de frisar que vem ao evento por uma questão de paixão pessoal. “Estamos aqui porque gostamos de jogar videogame mesmo, não por influência de namorado ou irmão”. Michelle conta que as competições acontecem de igual pra igual, sem qualquer vantagem para determinado sexo. “Jogamos tão bem quanto os garotos, e muitas vezes eles tomam ‘chineladas’ da gente”.
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