Médicas, advogadas, psicólogas, jornalistas, publicitárias, cientistas, artistas... São incontáveis as áreas em que as mulheres já conquistaram respeito e marcaram seu espaço como profissionais de destaque.
Entretanto, quando o assunto é tecnologia, a situação ainda não é tão igualitária. No Brasil, os dedos de duas mãos são quase suficientes para contar os principais nomes femininos no mercado de TI – tanto na indústria quanto na liderança da área de tecnologia das corporações. A experiência mostra que este quadro deve-se menos a uma possível falta de aptidão e mais a um vício cultural que torna senso comum a percepção de que, se as mulheres não sabem sequer programar o DVD player, jamais poderiam ser a principal executiva de TI de uma grande corporação.
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Preconceitos são fracos exatamente por serem construídos sobre imagens facilmente destruídas pela realidade. E é assim que as mulheres vêm conquistando cada vez mais cargos de liderança no setor de tecnologia da informação – a exemplo do que acontece nas demais posições executivas.
Levantamento realizado pela consultoria de recursos humanos Catho com mais de 95 mil companhias mostra que, atualmente, 20,2% das empresas brasileiras têm mulheres na presidência ou em cargo equivalente. O número representa um aumento significativo em relação a 2001, quando eram 13,9% as corporações comandadas por elas.
“Estatisticamente, o número de mulheres em diretorias ou gerências era mínimo ou quase zero há alguns anos, em qualquer profissão”, aponta Fátima Zorzato, presidente da empresa de executive search Russel Reynolds. Em sua visão, além das questões culturais, o crescimento deve-se à maior valorização de algumas características – notadamente femininas – em posições gerenciais. No mercado de TI, soma-se a isto a valorização de profissionais com perfis menos técnicos. “Entre os CIOs, a necessidade de se relacionar com os usuários, por exemplo, torna a sensibilidade um fator mais valorizado”, destaca.
Fátima, assim como diversas executivas do segmento, acredita que o avanço das mulheres no mercado de TI é uma questão de tempo. Com presença cada vez mais expressiva no setor e boa parte dos CIOs próximos à aposentadoria, são grandes as chances da próxima geração de líderes de tecnologia ser mais feminina. Se as executivas que vêm por aí seguirem os passos das que já se firmaram no setor, a tecnologia só tem a ganhar com esta tendência.
A participação das mulheres no mercado e suas características particulares motivaram a consultoria Gartner há quatro anos promover encontros apenas com as CIOs mulheres. “No começo achávamos que seriam poucas interessadas, mas percebemos que algumas especificações diferenciadas fez o número crescer de 20 para 80 participantes entre a primeira e a oitava edição [que acontece entre hoje, 8 de março, e amanhã]”, explica a vice-presidente do Executive Program do Gartner, Ione Coco.
A executiva afirma ainda que o estilo de liderança é diferente, assim como o nível de estresse e a credibilidade. “Elas querem se reunir para discutir os assuntos do seu jeito e inclusive pedem para que eu não leve analistas homens aos encontros”, revela.
Confira a seguir as experiências de CIOs, analistas e outras executivas do mercado fornecedor de TI, que conviveram ao longo da carreira com preconceitos e outras questões inerentes à realidade feminina.
Elas sabem o que vendem
Mesmo mergulhadas no universo masculino de TI, executivas da Oracle, Dell e IBM se especializaram no fornecimento de tecnologias e alcançaram cargos de destaque.
Percepção de análise e experiência
Apesar de atravessar duas situações constrangedoras em empresas por ser mulher, Ione Coco, vice-presidente do Executive Program do Gartner, superou o preconceito e ganhou espaço.
São elas quem mandam
As CIOs da Caixa Econômca Federal, Clarisse Copetti, e a gerente de projetos de tecnologia da América Latina Logística (ALL), Thais Falqueto, contam como é comandar grandes departamentos de tecnologia.
Por Luiza Dalmazo do COMPUTERWORLD, e Thais Cerioni da CIO-Reproducción autorizada por IDG Brasil
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