Na era da Sociedade da Informação, uma pessoa que não fizer uso das tecnologias da informação e comunicação como uma ferramenta para agregar conhecimento, facilitar tarefas diárias, otimizar e dar velocidade às comunicações, ampliar redes, será uma excluída digital. Num mundo hiperconectado como este em que nós vivemos hoje, e que será muito mais conectado em poucos anos, um excluído digital é também excluído social, e o computador tem que ser visto como um amigo, e não somente como um desafio que não será enfrentado. As mulheres, no geral, já estão fora deste círculo de fluxo de conhecimento tecnológico e precisam se dar conta disso e, a partir daí, se apoderar das novas tecnologias para potencializar a capacidade de comunicação e troca de informações, inclusive sobre as causas históricas do feminismo.
Por trás deste mundo conectado está o software, cada vez mais utilizado por nós através de caixas eletrônicos, telefones celulares, automóveis. A igualdade de acesso à informação definirá quem estatá em iguais condições de se tornar protagonista e quem estará excluído desta nova Sociedade da Informação. Código-fonte é informação e, como diz Lawrence Lessig, também é norma. Algumas vezes o código-fonte de um software é mais importante e mais influente em nossas vidas do que a própria legislação de um país. Conhecer as regras do jogo a que estamos submetidos e ter a possibilidade de se apoderar desse conhecimento é o diferencial nesse cenário. E só podemos acessar a informação e conhecer essas regras de maneira completa utilizando software livre.
O Movimento Feminista precisa se dar conta disto e, a partir daí, tratar a inclusão digital das mulheres como um assunto importante e também urgente, porque se não o fizer, daqui a dez anos, além de discutir os problemas de gênero do século passado, que infelizmente ainda não foram solucionados, terão a exclusão digital como mais um problema de gênero a ser combatido. E dez anos é uma expectativa um tanto quanto otimista. A exclusão digital já é um problema de gênero e precisa ser trabalhada desde já. Não estou aqui dizendo que todas as mulheres precisam virar hackers, mas sim que todas precisam fazer uso das tecnologias disponíveis para garantir que terão iguais condições de participação na Sociedade da Informação.
Violência sexual, direitos sexuais e reprodutivos, igualdade de remuneração, mercantilização e outros são temas muito importantes, que estão influenciando em muito a vida de todas as mulheres atualmente. Mas e o futuro? Precisamos trabalhar hoje para evitar o aumento da nossa lista de pendências para a participação plena e igualitária na sociedade de amanhã. Um amanhã nem tão distante assim.
Claro que não posso deixar de citar duas mulheres que, na minha opinião, foram motivo de orgulho para a comunidade software livre nos últimos tempos: Fabianne Baveldi e Margarita Manterola. A primeira tem dado o sangue pelo projeto Pontos de Cultura no Brasil e tem mostrado a que veio. Uma mulher da cultura, da tecnologia, uma hacker, uma ativista pela liberdade. A segunda, da Argentina, tem contribuído muito apontando problemas e soluções no projeto Debian, e eu não estou falando de dar palpite, estou falando de bugs de software e correções. Elas fizeram a diferença!
Parabéns a todas que fazem me sentir orgulhosa de fazer parte deste pequeno grupo.
E você? Por que não faz a diferença?
Fernanda G. Weiden
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